sexta-feira, 19 de junho de 2009

La Paz – Santa Cruz de La Sierra – Bolívia – 08-09/02/2009

O ônibus que parti de La Paz era bem pior que os anteriores e até o bairro El Alto não estava muito cheio. Como disse não estava, pois lá lotou completamente. Entre paraguaios, bolivianos, suíços, gringos não identificados o bus que já não era aquelas coisas – sem banheiro para uma viajem de mais de 20 horas – ficou pior ainda. O jeito foi dormir, pois não tinha paisagens ou outra coisa para fazer. Acordei algumas vezes na descida dos altiplanos em meio a uma chuva persistente. Ao amanhecer percebi que já estávamos na zona do chaco. Esta vegetação, é uma mescla do pantanal com a amazônica, é muito rica em flora e fauna. Paramos em restaurante no meio do nada. Caras de repulsa dos locais para os turistas por parte dos nativos foi a nossa recepção em meio ao barro do chão. Resolvi pagar para usar o banheiro, lavar o rosto e acordar definitivamente. Pedi uma café, na esperança de tomar um mais “brasileiro” mas para minha decepção veio uma xícara de água quente e um sache de nescafé, fazer o que né. Ao sair do restaurante foi que vi realmente onde estava. No meio do nada na estrada de Cochabamba. Estrada de barro batido elameada, uma reta só que não se via o final. A chuva começou a apertar e voltei para o bus. Poucos minutos depois pegamos uma estrada asfaltada, e chuva mandando. A vegetação é muito rica mesmo e reparei que em determinados momentos aparecia um rio lateralmente a pista de lado, outras do outro lado e de repente dois rios um de cada lado do rio, e chuva persistente. De repente o inevitável aconteceu os dois se juntaram no meio da pista e o ônibus parou. Abri a janela e observei a frente que pista estava completamente tomada pela água pelo menos por uns 400 metros. Bom, pensei “Ta na chuva é para se molhar” para mim se tivesse que pernoitar ali tudo bem. Tinha saco de dormir, isolante térmico, dinheiro e tinha visto uma aldeia a alguns kilometros atrás. Meu pequeno plano foi por água abaixo quando o ônibus retomou o caminho. Em meio a alguns comentários como “o chofer és loco” o motorista foi devagar no meio daquele verdadeiro rio. Já passei por várias em minha vida mas essa foi demais. Era uma verdadeira enxurrada atravessando a pista. Eu disse pista? Não se via nada de pista só água e muito forte. Todos do ônibus acompanhavam sismados ou como eu com a câmera na mão. Aproveitei e até filmei. Depois de aproximadamente 1 kilometro conseguimos vencer o obstáculo e retomamos o caminho. Tudo correu tranqüilo apesar do diversos “pedágios” ou postos de controle. Ao chegarmos mais próximos a área urbana de Santa Cruz, além de diversos vendedores mais diversos – salgadinhos, comidas exóticas para um ônibus como um saquinho que continha um ovo cozido, maíz (milho) outras coisas não identificadas; além do tradicional gelado (sorvete) no copinho que era vendido por meninos e você usa o um palito de sorvete para toma-lo – entro também um homem que aguardava a venda de todos. Quando os vendedores saíram ele tomou a palavra. Começou o discursos falando do problema do câncer de pele, do número de incidência na região dos altiplanos, etc, até chegar no ponto que ele queria: vender. O produto que nosso ótimo orador oferecia nada mais era que a “bába do carmujo” em forma de cremes, protetores, shampoos, sabonetes, etc onde o feliz comprador teria na compra de mais um produto descontos fantásticos e muito mais barato que no comércio tradicional. Este homem ficou mais de 40 minutos falando, falando e vendendo (acreditem). Finalmente faltando 5 minutos para a rodoviária ele deixou nosso ouvidos em paz. Santa Cruz é muito mais parecida com nossas capitais e cidades. E lógico os mesmo problemas pelo que vi. Naquela altura do campeonato qualquer coisa que lembrasse o Brasil me deixava mais animado. Como de praxe ao desembarca fui direto buscar passagens, quem sabe direto à São Paulo. Rodei e achei umas três companhias que faziam a linha, porém nada direto. Elas ofereciam além de serviço de bordo completo ( jantar, lanche, almoço e outro lanche por dia) uma troca de ônibus em Assuncion, outra troca em Ciudad del Leste e finalmente até São Paulo. Achei um pouco cansativo mais três ônibus e resolvi pegar somente até Assuncion, em ônibus turístico (erro grave) e serviço de bordo (isso economiza nas paradas, se tivesse). Escolhi a Viação Trans Rosário partindo as 19 horas, com lista de passageiros e 24 lugares (??) e Bs 350,00 (bolivianos). Tomei um banho, comi algo e arrumei uma lan house para blogar os últimos dias conturbados.
A parada na estrada de Cochabamba
belo visual, não?
A chuva não parava...
... até que transbordaram ...
... formando só um rio no meio da pista.

Olhe o vídeo e veja a situação real.


Depois de tudo isso cheguei vivo na rodoviária de Santa Cruz de La Sierra (acima)

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